É cena comum assistir às crianças vestirem as roupas dos pais,
passarem o batom da mãe, brincarem com o celular do tio..., porém, chega uma
hora em que os pequenos saem da brincadeira para começarem a realmente praticar
essas pequenas coisas de adultos. E aí, qual a melhor fase para liberá-las?
Mãe, quebrei seu batom!
Há quem até goste de ver a filha, ainda pequenininha, usando um batom clarinho,
uma sombra cor de rosa. Mas a dermatologista Claudia Maria Duarte de Sá
Guimarães avisa que nenhuma maquiagem é produzida para ser usada na infância.
“As meninas devem deixar a maquiagem para ser usada após os 15 anos, pois nesta
fase do amadurecimento do organismo, os hormônios sexuais estão atuando
plenamente na pele. Essa ação promove o aumento da oleosidade da pele, assim
como sua espessura, deixando-a mais resistente aos agentes externos”, explica.
Quero mudar o cabelo
Tinturas, alisamentos e outras mudanças nos fios despertam a vontade das
meninas, vaidosas desde cedo. Mas nem pensar em usar produtos químicos nos
cabelos! “As crianças têm pele e cabelo mais finos e delicados, portanto o uso
de tinturas e alisamentos é totalmente contraindicado. Além disso, os produtos
utilizados muitas vezes apresentam odores capazes de irritar as vias aéreas e
desencadear rinite ou bronquite nos mais sensíveis”, alerta a dermatologista.
Que tal, então, ensinar a criança a valorizar suas características naturais?
Recheando o porquinho
A mesada é uma maneira de ensinar à criança sobre o valor do dinheiro e o
controle dos gastos. “Pode começar cedo, quando a criança tiver oito anos, mais
ou menos, e sempre ensinando-a a administrar esse dinheiro. É importante que,
quando os pais começarem a dar a mesada, estipulem regras e nunca quebrem as
regras”, ensina a psicóloga Luciana de la Peña. O dinheirinho de todo mês pode,
inclusive, virar uma economia para que o pequeno compre algo que deseja. “Se a
criança tiver a iniciativa de guardar o dinheiro para um objetivo, deve ser
estimulada”, afirma Luciana. Isso pode trabalhar a paciência e a persistência.
Só para maiores
Muito se fala sobre os perigos que as crianças podem correr no mundo virtual:
deparar-se com conteúdo impróprio e com pessoas inconvenientes, por exemplo. Os
pais devem, portanto, controlar o que os filhos veem na internet, com quem
conversam, etc. Nesse contexto, as redes sociais não são recomendadas para os
pequenos. “Se elas fossem boas, ou indicadas para crianças, não ‘permitiram’ a
inscrição apenas para maiores de 18 anos. É difícil para uma criança com oito
ou dez anos ter maturidade para lidar com uma rede social em que ela pode
acessar qualquer coisa”, diz a psicóloga. Para os pequenos se divertirem,
existem sites e redes sociais específicas para crianças.
Liga pra mim?
Há alguns anos, celular para criança só se fosse de brinquedo. Hoje,
preocupados com a segurança dos filhos, os pais não os deixam sozinhos sem um
meio de comunicação disponível. “Os pais podem oferecer um celular quando
perceberem que as crianças estão prontas para esse tipo de responsabilidade”,
avisa Luciana. A hora certa, portanto, varia de criança para criança – algumas
lidam bem com o aparelho já aos oito anos, outras só usarão com
responsabilidade aos doze, por exemplo. Em qualquer situação, o melhor é dar um
celular mais baratinho, e observar como a criança vai se comportar com ele.
“Não adianta dar um aparelho de última geração para a criança perder ou
quebrar. O legal é dar um básico e, dependendo de como a criança agir, dar um
modelo melhor mais para frente”, indica a psicóloga.
Sapato baixo, por favor
O uso frequente de sapatos de salto alto é prejudicial para os adultos e mais
ainda para as crianças. A vontade de usar salto alto vem conforme a menina vai
se tornando mais vaidosa, aos 13 ou 14 anos, mas nessa fase o esqueleto pode sofrer
prejuízos. “Quanto mais precoce for a utilização do salto, maior a chance da
jovem desenvolver alterações relacionadas ao aparelho locomotor. Aumento da
lordose lombar e da sobrecarga sobre os quadris, deformidades escolióticas da
coluna e alterações da parte mais anterior dos pés, tipo joanete, estão
relacionados ao uso de salto alto”, revela o ortopedista Marco Antonio
Ambrósio. Para crianças e adolescentes, o indicado é o uso de sapatos
confortáveis, com saltos de até 2cm.
Para manter a pele lisinha
É mais ou menos a partir dos 12 anos que os jovens começam a ter mais pelos. Os
meninos podem começar a fazer a barba assim que sentirem necessidade, mas, nas
primeiras vezes, sempre com a ajuda dos pais. “Se houver necessidade, as
meninas podem usar lâmina para depilação das axilas, virilhas e pernas. No
buço, é preciso fazer teste com creme depilatório para saber se não vai
irritar. Nessa fase, a cera é contraindicada devido ao risco de danificar a
pele”, avisa Claudia.
Respeitando a
individualidade
Cada criança tem seu próprio ritmo de crescimento e desenvolvimento. Umas
amadurecem mais rápido do que as outras e podem já estar prontas para certas
responsabilidades. Portanto, não há como estabelecer uma idade correta para
isso ou aquilo. O ideal é que os pais fiquem sempre atentos ao comportamento
dos pequenos e deem-lhes liberdade e responsabilidade conforme a atitude de
cada um.
Entrevistados
Claudia Maria Duarte de Sá Guimarães, dermatologista, membro da
Sociedade Brasileira de Dermatologia
Luciana de la Peña, psicóloga do Espaço Trocando Ideias, no Rio de Janeiro
Marco Antonio Ambrósio, ortopedista, traumatologista e médico do esporte do
Hospital Samaritano, em São Paulo
Fonte: Artigo
desenvolvido pelo projeto NA MOCHILA, que em parceria com as escolas oferece
uma revista por bimestre aos pais de alunos do ensino Infantil e Fundamental I.
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